sexta-feira, 15 de julho de 2011

Mãe também deve se cuidar enquanto bebê estiver na UTI neonatal

Período de internação não precisa ser empecilho na relação com o filho.

A chegada de um filho é, geralmente, um momento de alegria, carregado de emoções e expectativas, tanto por parte dos pais como de familiares e amigos. Mas nem sempre tudo acontece conforme o esperado. Complicações podem ocorrer durante a gestação ou após o nascimento, o que pode ocasionar o nascimento prematuro ou ao diagnóstico de problemas de saúde no bebê. Nestas situações é comum que o bebê seja levado a UTI Neonatal.

Este não é um assunto muito abordado quando se trata de temas relacionados à gestação, até porque o casal está a espera de um bebê saudável, e a possibilidade de risco tanto para a mãe, quanto para o bebê causa grande desconforto e angústia.

Algumas mulheres apresentam complicações durante a gestação (bolsa rota, caracterizada pela perda de líquido amniótico, pressão arterial alta, infecções, diabetes gestacional, entre outras) e necessitam de cuidados especiais. Há situações em que a mulher permanece em repouso (em casa ou no hospital) por grande parte da gestação. Em alguns destes casos, os médicos costumam alertar que poderá ocorrer um nascimento prematuro e, a partir deste momento, a mãe, bem como pai e familiares, passam a considerar a possibilidade de que, ao nascer, o bebê vá para a UTI Neonatal.

Há também situações em que nenhum problema de saúde na mãe ou no desenvolvimento do bebê é identificado durante a gestação, e somente após o nascimento é que se vê a necessidade de encaminhá-lo para os cuidados intensivos. São bebês que apresentam desconforto respiratório, outros nascem com a saúde bastante fragilizada, ou, ainda, nascem com baixo peso (o que é frequente em gestações múltiplas). Nestes casos, estes cuidados especiais são de extrema importância para os bebês.

Sem dúvida é uma situação de muita angústia e estresse para os pais. Há a frustração de não poder levar seu bebê para casa e a preocupação com o que está por vir. Nos primeiros dias, tudo parece muito difícil: a volta para casa, a ansiedade dos familiares para saber notícias do bebê, as dúvidas e medos do casal. Aqui, a informação é uma grande aliada. Conversar com os médicos e saber a real condição do bebê contribui para que os pais sintam-se mais seguros nesta fase.

Rotina da UTI neonatal


O dia-a-dia de mães e pais na UTI Neo é bastante cansativo. Alguns ficam por poucos dias, mas outros permanecem meses. É um ambiente diferente, com aparelhos que monitoram os bebês, que emitem sons desconhecidos e pessoas que até então não faziam parte de suas vidas.

Durante o período que estive em contato com mães de bebês internados na UTI Neonatal, percebi que rapidamente elas buscam entender o quadro de saúde do bebê, o que cada som dos aparelhos significa, as medicações, os exames... tentam adaptar suas rotinas a este novo momento e participar dos cuidados com o bebê dentro do que lhes é possível. Estas ações contribuem para diminuir a ansiedade, pois os pais entendem um pouco melhor o que está sendo feito nos cuidados com seu filho e podem sentir-se mais seguros.

Dependendo do quadro de saúde do bebê, quando estão com suas funções estáveis, eles podem ser tocados pelos pais a partir de uma abertura que há na incubadora. Os pais podem conversar com ele e, em alguns casos, banhar, amamentar e permanecer com o bebê pele-a-pele. Este é um momento de extrema importância para a recuperação do bebê e para o fortalecimento do vínculo da dupla.

Mesmo diante de toda dificuldade, desgaste emocional e físico de ter um filho em uma UTI Neonatal, é possível se beneficiar deste período. Normalmente, há na UTI Neo enfermeiras(os) muito bem preparadas(os) e que podem ajudar as mães nos primeiros cuidados com o bebê, quando ele já pode ser manipulado pela mãe. Ela pode aproveitar o conhecimento dos profissionais tirando suas dúvidas e pedindo auxilio quando necessário.

Um ponto que faço questão de destacar é que a mãe não se esqueça de si. Sua presença na UTI Neo junto a seu filho é muito importante, mas é bastante positivo quando ela consegue ir para casa descansar, dormir bem e se alimentar para que possa no dia seguinte dar conta da demanda emocional e física que a espera.

Há situações em que a mãe não pode ficar o dia inteiro na UTI - porque tem outros filhos pequenos, mora longe ou está muito cansada. É importante que essa mãe consiga respeitar seus limites, se permitir descansar, que tenha em mente que seu filho está no local adequado para sua recuperação naquele momento e que é indispensável que ela também possa se cuidar.